quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Carta aberta a Fernando Henrique Cardoso

(Essa eu tenho que espalhar.)

Retirado do site Carta Capital


Carta aberta a Fernando Henrique Cardoso

O professor Emérito da Universidade Federal Fluminense, Theontonio dos Santos responde a carta aberta que o Fernando Henrique Cardoso dirigiu ao presidente Lula
Meu caro Fernando
Vejo-me na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em nome de uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra o Rui Mauro Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com um esforço teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos nos 1960. A discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma experiência política que reflete comtudo este debate teórico. Esta carta assiada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação. Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos, já no começo do seu governo, o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população. Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população. (Se os leitores têm interesse de conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já esgotado: Teoria da Dependencia: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio, 2000).
Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.
O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos que não quer compartir com você… Em primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que acabou com a inflação. Os dados mostram que até 1993 a economia mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações superiores a 10%. A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO PARA MENOS DE 10%. Claro que em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os autores desta queda. Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário.
No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10% mais altos. TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO. E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte. Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns 40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização, O fato é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando até a 4,00 reais por dólar. E não venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”. ORA, UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA FORTE? Em que manual de economia? Que economista respeitável sustenta esta tese?
Conclusões: O plano real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999.
Segundo mito; Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade.
E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de economia burlando a boa fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo. UM GOVERNO QUE CHEGOU A PAGAR 50% AO ANO DE JUROS POR SEUS TÍTULOS, PARA EM SEGUIDA DEPOSITAR OS INVESTIMENTOS VINDOS DO EXTERIOR EM MOEDA FORTE A JUROS NORMAIS DE 3 A 4%, NÃO PODE FUGIR DO FATO DE QUE CRIOU UMA DÍVIDA COLOSSAL SÓ PARA ATRAIR CAPITAIS DO EXTERIOR PARA COBRIR OS DÉFICITS COMERCIAIS COLOSSAIS GERADOS POR UMA MOEDA SOBREVALORIZADA QUE IMPEDIA A EXPORTAÇÃO, AGRAVADA AINDA MAIS PELOS JUROS ABSURDOS QUE PAGAVA PARA COBRIR O DÉFICIT QUE GERAVA. Este nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou dráticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo. VERGONHA FERNANDO. MUITA VERGONHA. Baixa a cabeça e entenda porque nem seus companheiros de partido querem se identifica com o seu governo…te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.
Terceiro mito – Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida externa por causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do governo Lula. Fernando, não brinca com a compreensão das pessoas. Em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS. Você teve que pedir ajuda ao seu amigo Clinton que colocou à sua disposição ns 20 bilhões de dólares do tesouro dos Estados Unidos e mais uns 25 BILHÕES DE DÓLARES DO FMI, Banco Mundial e BID. Tudo isto sem nenhuma garantia.
Esperava-se aumentar as exportações do pais para gerar divisas para pagar esta dívida. O fracasso do setor exportador brasileiro mesmo com a espetacular desvalorização do real não permitiu juntar nenhum recurso em dólar para pagar a dívida. Não tem nada a ver com a ameaça de Lula. A ameaça de Lula existiu exatamente em conseqüência deste fracasso colossal de sua política macro-econômica. Sua política externa submissa aos interesses norte-americanos, apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas exportações a uma economia decadente e um mercado já copado. A recusa dos seus neoliberais de promover uma política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas exportações. A loucura do endividamento interno colossal. A impossibilidade de realizar inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a venda de uns 100 bilhões de dólares de empresas brasileiras. Os juros mais altos do mundo que inviabilizava e ainda inviabiliza a competitividade de qualquer empresa. Enfim, UM FRACASSO ECONOMICO ROTUNDO que se traduzia nos mais altos índices de risco do mundo, mesmo tratando-se de avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para pagar… Fernando, o Lula não era ameaça de caos. Você era o caos. E o povo brasileiro correu tranquilamente o risco de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a avaliação de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu partido criou para este pais.
Gostaria de destacar a qualidade do seu governo em algum campo mas não posso faze-lo nem no campo cultural para o qual foi chamado o nosso querido Francisco Weffort (neste então secretário geral do PT) e não criou um só museu, uma só campanha significativa. Que vergonha foi a comemoração dos 500 anos da “descoberta do Brasil”. E no plano educacional onde você não criou uma só universidade e entou em choque com a maioria dos professores universitários sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional. Não Fernando, não posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um medíocre presidente.
Lamento muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem mandato, mas esta é a política. Vocês vão ter que revisar profundamente esta tentativa de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso povo. E terão que pensar que o capitalismo dependente que São Paulo construiu não é o que o povo brasileiro quer. E por mais que vocês tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo. Vocês vão ficar na nossa história com um episódio de reação contra o vedadeiro progresso que Dilma nos promete aprofundar. Ela nos disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro fundamento de uma política progressista. E dessa política vocês estão fora.
Apesar de tudo isto, me dá pena colocar em choque tão radical uma velha amizade. Apesar deste caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês ( e tenho a melhor recordação de Ruth) mas quero vocês longe do poder no Brasil. Como a grande maioria do povo brasileiro. Poderemos bater um papo inocente em algum congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a freqüentar este mundo dos intelectuais afastados das lides do poder.
Com a melhor disposição possível mas com amor à verdade, me despeço
* Theotonio Dos Santos é Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense, Presidente da Cátedra da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre economia global e desenvolvimentos sustentável. Professor visitante nacional sênior da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

-- 
Paz e Sabedoria,

Douglas Celente.


sábado, 9 de outubro de 2010

Saudades de um Branquinho

(Life fucking sucks)

Ao meu querido Branquinho, cachorro amado por muitos e como poucos, minha homenagem e agradecimento pro anos de carinho, companheirismo e afeto. Sentirei falta de você me recebendo no portão sempre que chego do trabalho. Sentirei falta de lhe jogar um osso, te apertar o focinho e coçar tuas orelhas até dormir.
Sentirei muito a sua falta.

Beijos no focinho, e fica bem.


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A bem da verdade

(de que sabor será?)

Li o artigo de Mino Carta no Carta Capital e preciso postar aqui o Post Scriptum que encerra a matéria:


"P.S. Bem a propósito: a demissão de Maria Rita Kehl por ter defendido na sua coluna do Estado de S. Paulo a ascensão social das classes mais pobres prova que quem constantemente declara ameaçada a liberdade de imprensa não a pratica no seu rincão."

Sem mais, por ora.

Censura eu também, Folha

(ouviu, chapolim?)

Venho fazer uma denúncia e, dessa forma, me juntar extra-oficialmente ao movimento começado pelos blogs Mondo Cane e Boteco Sujo em defesa dos irmãos Lino e Mario Bocchini, que tiveram seu site FALHA DE S. PAULO censurado de maneira covarde pela Folha de S. Paulo.
Acusados de uso indevido da marca Folha De S. Paulo (ué, mas a marca não é fOlha?!?!) e sob risco de pagar R$1.000,00 de multa ao dia, os irmãos acataram à instância e removeram o site.
Aos que se perguntam "ah, mas eles foram avisados, né?!?!"... a resposta é NÃO. A Folha simplesmente viu o site (independente, por sinal) e abriu um processo. Se disse até boazinha, podia ter pedido multa de R$100.000,00 ao dia. Mas o engraçado é que a advogada do periódico,  Taís Gasparian, é a mesma que defendeu comentários de José Simão a respeito dos fundilhos da atriz Juliana Paes. À época, disse a advogada: "[tratar] o humor como ilícito, no fim das contas, é a mesma coisa que censura". Parabéns pra ela e pra Folha.
Como forma de protesto, e esperando muitos outros adeptos, deixo aqui algumas publicações do Falha CENSURADOS pela Folha, acompanhado do grito que tomara se espalhe por toda a web (e com isso facilitamos a busca da Folha por mais gente a censurar:
CENSURA EU TAMBÉM, FOLHA!!!!!





















quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Quero ver quem faz igual

Um amigo me mandou um vídeo (valeu, Fabão) que eu TENHO que compartilhar aqui. O cara manda muito bem.




Bom sorte, você, com seu Fiesta.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

You're no fun anymore

(a vida fede)

Dia de folga.
Estou no trabalho.
Minha lista encomenda de bonequinhos de vudú aumenta a cada dia.


E tenho dito.

Eleições 2010 - parte III

(e que Deus nos ajude)


Acima esté uma das manchetes do Terra. Além disso, o palhaço bateu um recorde, se tornando o candidato a deputado federal com o maior número de votos da história eleitoral brasileira. Para acessa clique AQUI.

Nada mais a dizer.

domingo, 3 de outubro de 2010

Eleições 2010 - Parte II

(i)Mundo - Já que ninguém respeita as regras e sai pedindo voto à sinistra e à destra, venho eu fazer meu apelo. Entendam, por favor, que os santinhos que são jogados na rua não são obra de um garoto de 12 anos a quem foi prometida uma Coca-Cola em troca de distribuir papeizinhos e, o garoto, cansado e matreiro, jogou tudo numa rua afastada pra receber o brinde o quanto antes. Essa imundície que vemos nas ruas nessa época é a maneira de os políticos passarem por cima da lei e fazerem boca-de-urna. E não, esse lixo não será varrido no dia seguinte. Então, por favor, se você ainda não votou e está lendo este post, não vote em pessoas cujos santinhos estão espalhados pelas ruas como na foto acima.
Mais fotos vocês podem ver aqui, aqui e aqui.

sábado, 2 de outubro de 2010

Eleições 2010 - Parte I

Amanhã é dia de votar. Não votarei em ninguém. Não confio em ninguém que se proponha a mudar qualquer coisa mais complexa que o ambiente de seu quarto, e não vejo razão pra perder meu tempo com pessoas que entrarão num sistema político já pré-definido, onde quem sempre governou continuará a governar.
Entendam, a democracia não existe, de fato. É apenas uma grande deturpação do que, em teoria, deveria ser. E ainda bem que não existe. Se deturpada já permite candidatos como Tiririca, Netinho, Mulher Pêra, etc., imagine se, de fato, qualquer um pudesse se candidatar. Na verdade até pode, mas quero ver ter dinheiro pra competir com as dezenas de milhares de cartazes cidade afora, poluindo cada canto por onde uma pessoa possivelmente possa passar. O prefeito de minha cidade, Dr. Hélio, colocou um letreiro eletrônico na entrada de barão Geraldo (nada mais que o local de entrada para a Unicamp) no qual ele pede o voto da população para a Dilma. VAI TE CATAR. Aliás, usar título de doutor, ou qualquer outro título, para se promover é outra coisa que deveria ser proibida. Que diabos a formação dele tem a ver com isso. Doutor em quê? Sei que ele praticava medicina, mas isso não o torna um bom político.
Pra mim, apenas pessoas formadas em Ciência Política deveriam ser elegíveis, aí sim. Doutor em Ciências Políticas seria algo a se considerar, mas, se todos o fossem, não haveria motivos para destacar o título em sua candidatura. Dessa forma elegeríamos alguém(s) com algum conhecimento da VERDADEIRA POLÍTICA, e não falastrões que aparecem na TV em horários estratégicos do dia, ou esses que criam uma musiquinha sertaneja irritantemente fácil de decorar e põem seus Del Rey ruas afora a incomodar nossos ouvidos.
Vejam bem, não estou a dizer que isso não funciona. Pelo contrário. E é exatamente isso que me irrita. Um banda de sem-vergonhas faz isso porque sabe que um bando maior de palhaços, na hora de "depositar" seu voto virtual, não tendo candidato, vai se lembra da musiquinha irritante, ou da rima que faz lembrar o número de um candidato cujo nome você não sabe. E isso acontece, em parte, porquê muita (mas MUITA) gente crê que quem vota NULO não tem direito de reclamar do país ou dos governantes, então votam em qualquer um para terem do que reclamar. Ora, façam-me o favor.
Amanhã meus votos, todos eles, serão nulos. E, sim, podem esperar, reclamarei bastante de quem quer que suba ao poder.